Unidades Habitacionais Coletivas Samambaia

samambaia, df, brasil

2016

Menção Honrosa em Concurso

3.150m²

Arquitetura: Celio Diniz, Raíssa Rocha, Daniel Sousa e Beto Fame

CONCEITO A questão da habitação social no Brasil deve ser encarada com a devida atenção. A diversidade cultural e peculiaridades dos moradores muitas vezes não são respeitadas quando novos bairros são propostos baseados apenas na repetição maçante de construções idênticas. É preciso construir o sentido de lugar, de pertencimento e permitir que os moradores façam suas apropriações, do contrário, o habitat será estéreo e sem significado. É necessário criar valores de cidadania e dignidade promovendo a inclusão social dos novos moradores.

PREMISSAS DE PROJETO O projeto foi idealizado a partir de quatro premissas principais: replicabilidade, economicidade, padronização e conforto ambiental das unidades. São 47 unidades de dois quartos distribuídos por 8 pavimentos.

REPLICABILILADE O projeto pode ser replicado em todos os cinco terrenos mantendo a mesma implantação e orientação solar, alterando apenas a fachada de acesso ao lote e adaptando a área permeável. O acesso e a circulação vertical comum foram posicionados estrategicamente na esquina sudeste facilitando a adaptação aos outros terrenos.

ECONOMICIDADE E PADRONIZAÇÃO A modulação estrutural, sistema construtivo e padronização são determinantes para a redução dos custos e tempo de obra. Todas as unidades propostas são padronizadas seguindo a mesma modulação estrutural. E também todas as unidades podem ser adaptadas e utilizadas por pessoas com necessidades especiais e cadeirantes sem grandes transformações.

SISTEMA CONSTRUTIVO Pelo princípio da economicidade, adotou-se o sistema estrutural em concreto com vedações em alvenaria pintada e concreto aparente. O rigor na modulação da estrutura permite a utilização de elementos pré-fabricados.

PÁTIO COMUM As unidades são distribuídas em três blocos conectados por passarelas e articulados por um pátio central no primeiro pavimento acima do térreo, protegido das áreas de estacionamento. Esse espaço central de uso comum é diretamente conectado às habitações adaptadas para pessoas com necessidades especiais, e funciona como uma extensão dos espaços privados, um quintal comunitário. É uma praça dentro do edifício onde as pessoas se encontram e socializam no dia-a-dia.

ORIENTAÇÃO OESTE Nenhuma unidade tem aberturas voltadas diretamente para o poente. As empenas dos blocos orientadas para oeste são cegas, facilitando também a implantação em todos os 5 terrenos.

CONFORTO AMBIENTAL O clima da região é classificado predominantemente como tropical de savana. Durante o inverno, o clima frio e seco sugere estratégias de conforto que utilizem a massa térmica dos elementos construtivos para aquecimento dos ambientes internos. As grandes amplitudes térmicas diárias indicam a importância da inércia térmica dos materiais tanto para aquecimento como resfriamento. Nesse sentido, o projeto propõe paredes externas com espessura de 26 cm compostas por duas fiadas de tijolos com furos, que garantem um atraso térmico de 6,5 horas. Nas laterais da edificação, vedações em concreto com densidade mínima de 2.000 Kg/m³ têm a mesma inércia térmica. As divisórias internas são projetadas em tijolos maciços (15 cm de espessura), com 255 KJ/m²K de capacidade térmica e atraso térmico de 3,8 horas. A cobertura, leve e isolante, é projetada em telha termo-acústica sobre laje de concreto garantindo um valor de transmitância térmica inferior a 2,00 W/m²K. Nos dias quentes, sugere-se a ventilação cruzada em todas as unidades e o sombreamento das aberturas nas fachadas. Nos dias frios, a ventilação seletiva é interrompida em todos os cômodos, exceto nos banheiros. Aliada à utilização de vegetação no interior das unidades, a ventilação seletiva impede a entrada do ar seco e saída do ar umidificado pela evapotranspiração, melhorando de forma passiva o conforto higrotérmico.

SUSTENTABILIDADE Além do emprego de estratégias passivas de conforto térmico que por si só já garantem uma substancial redução no consumo energético, são previstos mecanismos para a racionalização da energia. Locais são reservados na cobertura para a instalação de equipamentos de aquecimento solar, reservatórios de água quente e placas fotovoltaicas para geração de energia limpa. Águas pluviais serão filtradas e armazenadas em reservatórios específicos localizados junto à cisterna principal no subsolo. O reuso das águas da chuva deve ser destinado aos vasos sanitários e jardins.

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