Enseada de Botafogo

rio de janeiro, rj, brasil

2002

exposição penso cidade

171.550m²

Arquitetura: Celio Diniz, Eduardo Canellas, Eduardo Dezouzart, Tiago Gualda e Ana Slade

Este projeto foi concebido para uma exposição na qual diversas áreas da cidade foram analisadas por vários escritórios de arquitetura. Reconhecidamente um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro, a praia de Botafogo atualmente não tem seu potencial de uso totalmente explorado. Lugar predominantemente de passagem, a enseada pode ser sintetizada em duas velocidades antagônicas. A primeira, caracterizada pela aceleração dos carros, cruza abruptamente a vagarosa velocidade de contemplação que desloca os olhares dos pedestres em direção ao Pão de Açúcar. Considerando essa situação paradoxal, é inserida uma nova velocidade, a velocidade da permanência, do encontro, da narrativa do caminhar. Além disso, a intervenção propõe uma requalificação urbana que provém a orla de novos equipamentos de lazer e cultura oscilando entre o devaneio e a objetividade que deve suprir as necessidades culturais de nosso tempo. A arquitetura sugerida, constituída de um cinema ao ar livre, um museu-jardim, boates, bares, restaurantes, albergue, escola de dança e música, procura se abrir ao exterior convidando a paisagem a fazer parte dela. O teto é o céu, as paredes a paisagem, o piso não é outro senão os jardins.

1 MUSEU-JARDIM Situado próximo ao cinema e à torre do tempo, é formado por inflexões que se erguem do solo e unem as ilhas segregadas pelas autopistas. Essas inflexões abrigam jardins suspensos que funcionam como suporte para exposição de esculturas e instalações ao ar livre.O museu é a terminação de um movimento inspirado pela velocidade dos carros e pela curva da enseada.

2 TORRE DO TEMPO Funciona como uma espécie de mirante da paisagem da enseada de Botafogo em diferentes épocas. Isso é possível utilizando um sistema de display preso a um braço mecânico flexível que coloca as coordenadas da imagem virtual gerada por computação gráfica na mesma posição das coordenadas da perspectiva real. O braço mecânico flexível permite a colocação do display em qualquer direção possibilitando a contemplação da vista panorâmica através de uma interface, a qual desloca a imagem em direção ao passado ou até mesmo ao futuro. Em cada pavimento é fixado um sistema diferente com épocas distintas que seguem uma ordem cronológica conforme se sobe na torre.

3 CINEMA A CÉU ABERTO Formado por uma laje que se projeta sobre a baía, o cinema é uma continuação tênue da curva da enseada. O acesso à área de projeção é feito por sob a tela, que pela sua posição, transforma a cidade em pano de fundo do filme projetado. Antes de entrar na área de projeção, os espectadores podem usufruir de um bistrô, café e loja de conveniência localizados em área coberta.

4 BOATES Localizadas no subsolo ao longo da orla, não interferem na amplitude da paisagem natural. Relacionam-se com o exterior através de pisos transparentes localizados no nível da calçada e seteiras que fazem uso do desnível existente entre o calçamento e a praia. À noite, estas aberturas colorem a areia com diferentes luzes.

5 BAR E RESTAURANTES Aproveitam uma área residual formada por uma vegetação rasteira adjacente à areia da praia no final da curva da orla. Além disso, procuram atenuar a transição entre o entorno construído e a praia.

6 ALBERGUE E ESCOLA DE DANÇA E MÚSICA Marcam o início do movimento em contraponto ao museu-jardim. Superfícies curvas se soltam do solo e vibram no espaço da praça trazendo vida e respeitando sua conformação urbana. Da mesma forma que no museu, os espaços criados conformam jardins suspensos que podem ser utilizados para aulas de dança, música e capoeira. 


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